Tempestade: Quando o Amor Deixa Apenas Escombros

Um poema visceral sobre as relações que constroem para desmoronar, corpo e alma.

Homem olhando a lua pela janela enquanto mulher sentada em poltrona observa com expressão enigmática, em ambiente noturno e íntimo.

As vezes você pode se ligar a forças que sabe ser destrutivas. Há uma dança perigosa na entrega a alguém que não busca construir um lar em nós, mas sim demolir as fundações existentes. A sensualidade se torna, nesse contexto, não um laço, mas uma ferramenta de desmantelamento. Segue o poema que materializa essa sensação:

Tempestade

eu  não quero a sua alma.
a minha já me basta e não vale o inferno que cobra.
eu quero a sua pele.

quero o seu gosto às duas da manhã,
o suor que escorre lento na sua nuca,
o arrepio que nasce na base da espinha
e morre na minha boca.

vou te ensinar uma nova linguagem
falada com as mãos,
sussurrada contra o seu pescoço,
até que seu corpo desaprenda
qualquer outro dialeto.

deixarei meu cheiro nos seus lençóis
como um animal marca seu território,
um fantasma que o sabão não consegue exorcizar.

e quando eu me for,
e o meu trabalho em você estiver terminado,
vais perceber que cada toque meu não era afeto.
era a fundação sendo trocada por algo mais frágil.

eu reforcei a sua estrutura
apenas para que a queda fosse mais alta.
e você, no silêncio dos seus próprios escombros,
entenderá que o meu amor nunca foi um lar.
foi a demolição.

foi a tempestade que agitou a sua vida.

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