A Armadilha da Maratona

Um hack mental para se livrar da dependência do streaming

Ontem eu liguei a televisão na Amazon Prime para dar uma “zapeada” e procurar alguma coisa interessante para assistir sem compromisso. Dei de cara com uma série chamada “Power”, criada, dirigida, estrelada e com a trilha sonora “performada” pelo rapper 50 cent.

A série segue a vida de James St. Patrick, conhecido como Ghost, que é um rico proprietário de uma boate requintada de Nova York, porém é o chefão do tráfico de drogas na cidade nas horas vagas.

Quando dei por mim já era 3 horas da manhã e eu encaixando um episódio no outro freneticamente, me mantendo acordado à base de café e coca zero. Reconheço que fraquejei, mas a série tem a minha temática favorita – crime.

Os roteiristas fazem isso de propósito: estruturam o episódio para que seu ápice seja no final, e você seja obrigado a ver o próximo episódio para ter a conclusão daquele impasse mexicano, ou então ficar o dia todo com crises de ansiedade na expectativa de saber se o personagem vai ou não morrer na armadilha preparada pelo vilão.

Sim, no passado eu nem tinha esse tipo de angústia, pois sempre sabia que Adam Batman West ia conseguir escapar das armadilhas estranhas do coringa de bigode, mas depois de Game of Thrones, que o cara mais phodástico da série morreu utilizando o vaso sanitário, não confio mais na invulnerabilidade de quase nenhum personagem principal.

Essa forma de estruturar o roteiro episódio (o final tão envolvente que você já encaixa o início do próximo) tem até um nome: chama-se cliffhanger (algo como momento de angústia em português).

Já falei sobre isso em um artigo aqui no site:

O Cliffhanger, e como não “maratonar” uma série

Reforçando o hack: para você não cair nessa armadilha e maratonar a série toda de uma “sentada” só o que tem que fazer é o seguinte: assistir ao primeiro episódio (o famoso piloto) completo para ver se realmente curtiu o show.

Se foi aprovado, assista ao segundo até exatamente a metade do episódio. Neste ponto, 99% das séries relaxam um pouco a ação, afinal de contas o espectador tem que respirar. Nesse momento pare a série e vá descansar.

Na próxima vez faça o mesmo: pegue a metade do segundo e vá até a metade do terceiro e por ai vai. Fazendo desta forma, você vai conseguir pelo menos se controlar e assistir exatamente a quantidade de horas da série que você tinha se programado para ver.

Espero que tenha sido útil à vocês.

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Referencias da cultura POP na postagem:


Impasse Mexicano:

Uma forma de confronto muito utilizada nos filmes de Quentim Tarantino, mais conhecida como visão do inferno 🙂 Um impasse mexicano é um confronto em que não existe estratégia que permita que uma das partes envolvidas obtenha a vitória. Em um confronto entre três participantes, o primeiro a atirar é o que estará em desvantagem em relação ao oponente que não foi alvejado (o que foi alvejado por ele estará certamente fora da disputa). No impasse mexicano, se o oponente A atira em B, este estará ocupado de tal forma, ferido ou mesmo morto, que basta C atirar em A para vencer o conflito. Uma vez que o segundo oponente a atirar é quem tem a grande vantagem tática, ninguém quer ser o primeiro.


Coringa de Bigode

Me refiro ao vilão Coringa da série dos anos 60, interpretado pelo saudoso Cesar Romero e estrelada por Adam West como Batman.

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