Sabe aquele objeto na sua casa que, sem querer querendo, rouba a cena? Pode ser um quadro, uma luminária diferente ou, no meu caso, um relógio. Pois é, um simples relógio. Mas vamos combinar, ele não é um relógio qualquer. Na nova seção aqui do site, a “Pequenas Maravilhas”, quero compartilhar com vocês as coisas que, embora pequenas, trazem uma alegria gigante e dão personalidade ao nosso cantinho. E o primeiro da lista é ele: meu relógio “de aeroporto”.
Todo mundo que vem aqui em casa comenta. É quase uma regra. Os olhos passeiam pelo ambiente e, de repente, param nele.
“Uau, que relógio legal! Onde você achou?”.
A resposta é sempre a mesma: “Numa daquelas minhas expedições arqueológicas pelo AliExpress”. 😂

A verdade é que eu sempre fui fascinado por aqueles painéis gigantes de aeroportos e estações de trem, os split-flap displays. Aquele som característico das plaquinhas virando, revelando seu próximo portão de embarque ou o destino de uma viagem… tem uma nostalgia ali, uma promessa de aventura que é quase poética. É como estar no início de um filme do Indiana Jones, prestes a pular num avião para um lugar exótico.
Quando vi esse relógio de mesa, foi amor à primeira vista. Ele encapsula toda essa vibe, mas de um jeito minimalista, estiloso e, o mais importante, silencioso!
Um Pedaço da História do Design na Estante
Pode parecer só um item de decoração moderninho, mas esse tipo de relógio, o flip clock, tem uma história e tanto. Ele foi patenteado nos anos 50 pelo italiano Remigio Solari, e sua empresa, a Solari di Udine, se tornou a grande referência mundial desses painéis informativos. O design era tão genial e funcional que dominou aeroportos e estações de trem por décadas.
Ter uma versão em miniatura em casa é como ter um pequeno fragmento dessa era dourada do design industrial. Ele tem um pé no passado, com sua mecânica analógica charmosa, e outro no presente, com um visual que conversa perfeitamente com decorações modernas e minimalistas. É o retrô-futurismo em sua melhor forma.
Mais do que Horas, um Ponto de Paz 🧘♂️
Num mundo dominado por telas de LED e notificações que pulam no celular, esse relógio é um respiro. Ele não emite luz, não tem alarmes escandalosos (o meu, pelo menos, é mudo) e não tenta te vender nada. Ele apenas… informa as horas. E faz isso da maneira mais elegante possível.
A Potência por Trás da Nostalgia
E tem um detalhe que torna a experiência ainda mais autêntica: a alimentação dele. Nada de cabos ou fontes. Para dar vida a essa maravilha, precisamos de uma boa e velha pilha D. Sim, aquela grandona, pesada, que usávamos nos nossos primeiros gravadores, nos maiores carrinhos de controle remoto ou em lanternas que pareciam saídas de um filme de explorador. É bem cara, mas dura meses… Você até esquece que ele usa pilhas.
Há um charme inegável em ter que usar um item tão “analógico”. Enquanto tudo hoje busca ser recarregável e compacto, esse relógio pede a energia robusta e duradoura de uma pilha que parece ter parado no tempo, assim como ele. E pode apostar que, assim como o coelhinho da Duracell, ela vai durar, durar e durar… reforçando a ideia de que esse é um objeto para ser admirado sem preocupações.
O virar das placas a cada minuto é sutil, quase imperceptível. Mas quando você para e observa, é hipnotizante. É um contraste delicioso com a ansiedade que os relógios digitais às vezes provocam. Lembra um pouco o contador da escotilha da série Lost, só que, felizmente, sem a necessidade de apertar um botão a cada 108 minutos para não explodir a ilha. É só o tempo passando, tranquilamente.
No fim das contas, essa é a essência da seção Pequenas Maravilhas. É sobre encontrar alegria nos detalhes. É sobre como um objeto, garimpado sem grandes pretensões na internet, pode se tornar uma fonte diária de satisfação, um ponto de conversa e uma peça que ajuda a contar a história de quem vive ali.
E você? Qual é a “pequena maravilha” aí na sua casa que todo mundo adora? Me conta nos comentários!
Referências
- The Verge: The history of the airport split-flap display
- Core77: A History of the Split-Flap Display, and Where It Is Today
Referências
- Arquivos pessoais.