A crueldade de um homem é o pragmatismo do outro

Desvendando a Complexidade da Moralidade Humana através da Perspectiva de Roussol

Cena do filme "O Assassino" (2023) da Netflix

Essa noite assisti ao filme: O Assassino (The Killer) de 2023, lançado na Netflix, do nosso aclamado diretor David Fincher com a ilustre presença do ator Michael Fassbender. Em uma cena próxima do final do filme, ele senta à mesa com outra assassina, a Especialista (interpretada por Tilda Swinton) e na conversa ela fala  essa citação:

“A crueldade de um homem é o pragmatismo do outro”

de Jean Jack Roussol.

De cara perdi o foco no filme e comecei a imaginar o que queria dizer essa mensagem e porque ela é inserida naquela cena do filme.

Um pouco sobre a citação.

A citação “A crueldade de um homem é o pragmatismo do outro” de Jean Jack Roussol é uma reflexão profunda sobre a natureza humana e a moralidade. Ela sugere que o que pode ser considerado cruel para uma pessoa pode ser visto como pragmático, ou prático, para outra. Esta análise explora o significado e as implicações desta citação. No contexto do filme, seria como se os dois personagens compartilhassem um coping (Mecanismo de enfrentamento) que os leva a crer que a profissão deles é aceitável, e que a maldade residente em seus atos seja justificável  no momento em que eles desumanizam suas vítimas e as tratam como um mero serviço.

No contexto filosófico, a citação sugere que ações que podem ser vistas como cruéis por alguns podem ser justificadas como pragmáticas por outros. O pragmatismo, neste contexto, refere-se à abordagem de tomar decisões baseadas em resultados práticos e eficazes, em vez de princípios morais ou éticos.

Por exemplo, um líder pode tomar uma decisão que resulte em sofrimento para alguns, mas que seja vista como necessária para o bem maior. Para aqueles que sofrem como resultado da decisão, a ação pode parecer cruel. No entanto, para o líder, a decisão pode ser vista como pragmática e necessária. Outro exemplo seria o emprego da Bomba Nuclear pelos Estados Unidos no término da Segunda Guerra Mundial, onde o tormento de duas cidades arrasadas é justificado por alguns pela preservação de inúmeras vidas, civis e de militares, que seriam perdidas ao longo de anos de conflito, visto que o Japão estava disposto a lutar até que a última pessoa no país não pudesse mais se mover.

Esta citação levanta questões importantes sobre moralidade e ética. Ela sugere que a moralidade pode ser subjetiva e dependente da perspectiva de cada indivíduo. O que é considerado cruel para um pode ser justificado como pragmático para outro, levantando a questão de se a moralidade é absoluta ou relativa. Além disso, a citação sugere que o pragmatismo pode ser usado para justificar a crueldade. Isso levanta questões sobre os limites do pragmatismo e se o fim sempre justifica os meios.

A citação de Jean Jack Roussol nos desafia a considerar diferentes perspectivas e a reconhecer que nossas ações e decisões podem ser vistas de maneira diferente por outros, destacando a subjetividade da moralidade. Além disso, a citação nos encoraja a refletir sobre nossas próprias ações e as justificativas que usamos para elas. Ela nos convida a questionar se estamos agindo de maneira cruel ou pragmática, e a considerar as implicações de nossas ações para os outros.

É uma reflexão valiosa sobre a complexidade da moralidade humana. Ela nos desafia a considerar a crueldade e o pragmatismo de nossas ações, e a refletir sobre o impacto que elas podem ter sobre os outros. É uma lembrança poderosa de que nossas ações têm consequências, e que devemos sempre considerar as implicações éticas de nossas decisões.

Referências:

  1. Jean-Jacques Rousseau – Wikipedia
  2. Jean-Jacques Rousseau | Biography, Education, Philosophy … – Britannica
  3. Emile, or On Education – Wikipedia

Imagem: Divulgação Netflix

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