Sabe aquele ditado “a voz do povo é a voz de Deus”? Pois é, acho que Deus anda meio rouco ou simplesmente tirou férias, porque a voz que eu ando ouvindo da galera na internet está mais para um delírio coletivo. E eu caí nessa, como um pato. Vi uma produção com uma nota altíssima, cheia de avaliações do público botando lá no céu… e resolvi dar o play. O resultado? Uma das maiores porcarias que já tive o desprazer de assistir.
Fui enganado. E isso me fez pensar: em que momento a gente perdeu a mão e começou a confiar mais na opinião de uma multidão anônima do que no nosso próprio instinto? A verdade é que não dá mais para levar a sério a maioria das avaliações online. Parece que a noção passou longe. O que a gente vê é um exército de gente demonizando filmes e séries ótimos, enquanto aplaudem verdadeiros desastres cinematográficos (é claro que algumas produções que recebem uma avaliação péssima e são péssimas mesmo).
Depois, os estúdios ficam coçando a cabeça, tentando entender por que as salas de cinema estão vazias ou por que aquela série foi cancelada por falta de público. A culpa, segundo eles, é da política, do clima, dos fãs que “não entenderam a proposta”… é de tudo, menos do óbvio: a obra é simplesmente ruim! É como um cozinheiro que serve um prato queimado e culpa o garçom pelo cliente não ter gostado.
O mais bizarro é que essa galera que infla notas não está nem aí para a qualidade. A avaliação vira um ato de militância. Eles defendem com unhas e dentes uma produção por pura empatia com um ator, por se identificarem com a ideologia por trás da câmera ou, o que é pior ainda, sem nem mesmo terem assistido à obra! O sujeito vê um resumo no YouTube, pega duas ou três cenas polêmicas e já se sente o maior crítico de cinema do pedaço, pronto para lacrar na seção de comentários.
É por isso que a nossa nostalgia virou refém. Pegam clássicos dos anos 80 e 90, com um potencial gigantesco de reviver franquias e levantar estúdios, e jogam tudo no lixo. He-Man, por exemplo, doeu na alma ver o que fizeram – usaram o nome do personagem para criar uma série em que ele nem participa, só faz uma pequena aparição.
Nessas produções bomba, os roteiristas, com medo de serem politicamente incorretos ou com uma necessidade de empurrar uma visão “autoral” duvidosa, simplesmente desfiguram aquilo que a gente gostava e queria ver mais e mais.
No fim das contas, a lição que fica é amarga. A opinião da maioria virou um campo de batalha ideológico, onde a qualidade artística é a primeira vítima. Enquanto isso, eu volto para a minha própria trincheira, confiando mais nos meus olhos do que nos polegares para cima de quem, talvez, nem saiba do que está falando.
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