Cansado de Empurrar a Mesma Pedra? O Mito de Sísifo, o Sentido na Rotina e o Segredo para Encontrar Sentido no Absurdo

Como a mitologia grega e a filosofia de Camus nos ajudam a ressignificar o trabalho e a encontrar propósito no absurdo do dia a dia.

Homem de terno, um Sísifo moderno, sorrindo enquanto empurra uma pedra gigante montanha acima, em uma ilustração estilo pop art.

É preciso imaginar Sísifo feliz: A busca por propósito na rotina diária.

Se a sua rotina às vezes parece um looping infinito, saiba que você tem um parceiro de longa data nessa jornada: Sísifo. Na mitologia grega, esse não era um Zé Ninguém. Sísifo era o rei mais esperto (e talvez malandro) de todos. Tão esperto que, segundo a lenda, ele conseguiu a proeza de enganar o próprio Tánatos, o deus da Morte, e simplesmente “cancelou” o falecimento na Terra por um tempo. Claro que os deuses não deixaram barato. Após viver sua vida, ele recebeu seu “presente” de grego: foi condenado, pela eternidade, a empurrar uma rocha gigante até o topo de uma montanha. O detalhe cruel? Toda vez que ele estava quase no cume, a pedra rolava de volta para o ponto de partida. De novo e de novo. Para sempre. 😩

Essa imagem é uma metáfora poderosa para a nossa própria busca por significado. As planilhas, os e-mails, as obrigações… todos nós temos nossas “pedras” para empurrar. E no meio desse esforço, é comum surgir a pergunta: “É só isso?”. A sensação de que o trabalho é sem propósito é o verdadeiro peso, muito maior que a tarefa em si.

É aqui que o filósofo Albert Camus oferece uma nova perspectiva. Em “O Mito de Sísifo”, ele argumenta que o momento mais importante não é a subida, mas a descida. Quando Sísifo caminha de volta para o vale, ele está livre do peso. Ele está consciente de sua condição, e é essa consciência que o torna “superior ao seu destino”.

Essa é a nossa chance. O trajeto de volta para casa, a pausa para o café, o momento de silêncio antes de dormir. São nessas “descidas” que podemos refletir e escolher nossa atitude. Não podemos nos livrar da pedra, mas podemos mudar como nos sentimos em relação a ela.

A verdadeira liberdade não está em escapar da rotina, mas em reconhecer seu absurdo e, ainda assim, encontrar um motivo para sorrir. É entender que o propósito não está no topo da montanha, mas na força que desenvolvemos a cada subida e na sabedoria que ganhamos a cada descida.

Como conclui Camus, a tarefa final é nossa: “É preciso imaginar Sísifo feliz.”

É preciso.

Referências:

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