O Assassino (2023): O retorno de Fincher ao suspense

Um thriller neo-noir sombrio e envolvente, com Michael Fassbender em grande atuação

The Killer 2023 (NetFlix)

O filme que assisti essa semana é “O Assassino”. Filme de 2023 produzido pela Netflix.

Confesso que mais uma vez assisti a um filme da Netflix pela capa, e a única referência que tinha dela foi a foto de Michael Fassbender e o trailer curto da Netflix, o que me proporcionou uma ótima experiência. O Assassino é um filme neo-noir de suspense e ação dirigido por David Fincher e baseado na série de HQs francesa escrita por Alexis Nolent (sob o pseudônimo Matz) e ilustrada por Luc Jacamon. Isso mesmo! Filme de David Fincher, diretor responsável pelos magníficos Clube da Luta, Zodíaco e Se7en (Seven, os 7 crimes capitais). Por falar em Se7en,  novamente Fincher se uniu a Andrew Kevin Walker, que escreveu o roteiro de Se7en, sem dúvida o melhor trabalho de Fincher.

O filme marca o retorno do cineasta ao gênero após 10 anos e que conta a história de um assassino profissional, intensamente meticuloso, calculista e impiedoso chamado Leo (Michael Fassbender), que, é forçado a lidar com as consequências de um erro catastrófico cometido por ele durante um de seus serviços. Ele sempre conseguiu se manter livre de arrependimentos e com uma postura totalmente fria e metódica, mas agora que o incidente o colocou exatamente no centro de uma caçada internacional por sua cabeça, o assassino começa a desconfiar de todos aqueles que estão ao seu redor.

Cena de O Assassino

Fassbender está muito bem em seu papel, comunicando com precisão a frieza e disciplina de seu personagem. Sua aparência é ótima para o  personagem, que conforme ele próprio narra no filme, se passa por um “homem invisível”, que se mistura tranquilamente na multidão se passando por um turista comum.

“Minha camuflagem é baseada em um turista alemão que vi em Londres há um tempo. Ninguém quer interagir com um turista alemão.”

Toda a sua aparência é uma camuflagem, uma performance projetada para se misturar. O assassino tem vários nomes (nenhum deles realmente seu), diversos passaportes e muitos pontos seguros pelo mundo, o que o caracteriza como um homem extremamente disciplinado (ele verifica as posições de câmeras de segurança de toda rua, monitora constantemente sua frequência cardíaca e até se recusa a atirar, a menos que seu pulso esteja em 65 batimentos por minuto ou menos).

O início do filme já nos apresenta algo completamente novo no gênero: O assassino lutando contra o tédio, tendo que permanecer em um apartamento em Paris aguardando o momento de cumprir sua tarefa. Este cenário é bastante semelhante ao clássico Janela Indiscreta de Alfred Hitchcock de 1954. Ele simplesmente observa e espera, e nós assistimos com ele, apesar de nem sabermos quem ele está almejando. É uma posição interessante para convidar o espectador a assumir, um voyeur disposto que nem sabe o que procura. 

Essa abertura nos apresenta o personagem de forma bastante íntima. Ao vermos seu processo de trabalho, e ao ouvirmos ele próprio narrando seus pensamentos, a lógica com que lida com as consequências de sua ações, nos começamos a nos importar com ele, começamos a torcer de uma forma involuntária, mesmo sabendo que é um criminoso.

É um ótimo filme, Fincher não nos enche com histórias de vida do personagem para gerar empatia, ao contrário, mantem o público ansioso por mais informações dando somente dados suficientes para acompanhar o que está acontecendo. É um fascinante estudo do personagem do assassino titular de Fassbender, um homem que se esforça para se separar de seu mundo, mas, na verdade, é tudo menos isso. Ele age por emoção, mas constantemente se avisa para não fazer isso. A narração nos permite ver essas hipocrisias em primeira mão, e são elas que tornam o personagem de Fassbender tão interessante. Ele certamente parece sem emoção na maior parte do tempo, mas internamente é movido por uma batalha entre a vingança e o desapego.

Todas as atuações do filme são excelentes, com destaque para Fassbender e Tilda Swinton. O diálogo compartilhado entre os dois no restaurante, nos proporciona alguns dos melhores momentos de The Killer.  Também temos a Sophie Charlotte, mais uma brasileira brilhando em Hollywood.

Sophie Charlotte e Michael Fassbender.

Para não dar spoilers, só posso dizer vagamente que talvez algumas pessoas vendo o filme possam se questionar o porque de algumas mortes serem gratuitas, sem necessidade e outras deveriam ser necessárias e não serem realizadas, mas se analisar bem o personagem, verão que na verdade ele age sempre por seus princípios e isso o guia a tomar todas as decisões:

Não é um grande filme, mas é diversão garantida e mais uma oportunidade de ver Fassbender atuando.

Dados sobre o filme

Dados sobre o filme

Elenco principal:

  • Michael Fassbender como Leo
  • Tilda Swinton como Anna
  • Rebecca Ferguson como Kim
  • Brian Tyree Henry como Levon
  • Brendan Gleeson como Johnnie
  • Billy Baldwin como Richard
  • Sophie Charlotte como Sofia

Diretor:

David Fincher é um dos diretores mais aclamados da atualidade, conhecido por filmes como Seven, Clube da Luta, Zodíaco, Clube de Compras Dallas e Mank.

Estúdio:

O filme foi produzido pela Netflix, Plan B Entertainment, Panic Pictures (II) e Boom! Studios.

Sinopse

“O Assassino” segue a história de um assassino solitário, calculista e impiedoso, interpretado por Michael Fassbender. O personagem principal é forçado a lidar com as consequências de um erro catastrófico cometido durante um de seus serviços. Ele sempre conseguiu se manter livre de arrependimentos e com uma postura totalmente fria e metódica, mas agora que o incidente o colocou exatamente no centro de uma caçada internacional por sua cabeça, o assassino começa a desconfiar de todos aqueles que estão ao seu redor.

Michael Fassbender, o diretor David Fincher e Tilda Swinton no set de “The Killer”.

O filme explora o universo do cinismo e da ação, apresentando um protagonista que, apesar de sua profissão, começa a desenvolver uma consciência de seus atos. A trama é intensificada à medida que o assassino começa a perder cada vez mais o controle sobre seus próprios pensamentos. O elenco ainda conta com Tilda Swinton e a brasileira Sophie Charlotte, que adicionam profundidade e complexidade à história.

Curiosidades

“O Assassino” é uma adaptação da graphic novel francesa homônima do autor Alexis Nolent e do artista Luc Jacamon. O filme é dirigido por David Fincher, que é conhecido por seu estilo distinto e por criar filmes que exploram os aspectos mais sombrios da natureza humana.

Opinião Baseada em Críticas

As críticas ao filme têm sido geralmente positivas, com elogios à direção de Fincher e às performances do elenco. No entanto, algumas críticas apontam que o roteiro não soube aproveitar completamente a complexidade do protagonista. Apesar disso, a competência técnica de Fincher em termos de edição, trilha sonora, iluminação e fotografia foi amplamente elogiada.

Conclusão

Em conclusão, “O Assassino” é um filme intrigante que oferece uma visão única do mundo dos assassinos profissionais. Com performances fortes, uma direção habilidosa e uma trama envolvente, é um filme que vale a pena assistir para os fãs do gênero suspense neo-noir. No entanto, o filme pode não agradar a todos devido à sua abordagem sombria e ao seu protagonista complexo.

Apesar de algumas críticas ao roteiro, “O Assassino” é um testemunho do talento de David Fincher como diretor e da habilidade dos atores em trazer à vida personagens complexos e interessantes. É um filme que certamente deixará os espectadores pensando muito depois de os créditos finais rolarem.

Referências:

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