Assistindo pela milésima vez ao filme Kill Bill volume 2, não pude deixar de refletir a partir do monólogo de Bill sobre o Super-Homem e como me encaixo nessa trama. Vamos à analogia, vocês vão me entender:
A mitologia dos super-heróis é fascinante. Todo mito de super-herói tem o herói e seu alterego:
Batman é, na verdade, o milionário Bruce Wayne,
Homem-Aranha na verdade é Peter Parker.Quando Peter Parker acorda pela manhã ele é Peter Parker. Ele precisa pôr um uniforme para virar o Homem-Aranha.
E nesse quesito o Super Homem se diferencia dos demais. O Super Homem não virou Super Homem, ele nasceu Super Homem. Quando ele acorda de manhã, ele é o Super Homem. O alterego dele é o Clark Kent. Seu uniforme com o “S” vermelho é o cobertor no qual os Kent enrolaram o bebê quando o acharam. Essa é a roupa dele.
O que Kent usa, os óculos, o terno, este é o disfarce que o Super Homem usa para se passar por um de nós. Clark Kent é como o Super Homem nos vê. E quais são as características de Clark Kent? Ele é fraco, inseguro e covarde. Clark Kent é uma crítica do Super Homem à raça humana.
É mais ou menos assim que me sinto.
Similar ao Superman em Krypton, fui forjado como Gleydson, e não como Robert. Minha infância foi em um terreno sinistro, o Rio de Janeiro dos anos 80, onde apenas os fortes sobreviviam. Desde pequeno, aprendi a fugir para não ser pego, a me virar como podia. Até a escola era um pátio de guerra, onde avançar em grupo exigia estratégias cuidadosas.
No trabalho não é diferente… Exerço uma profissão que, no cinema, é frequentemente retratada em filmes de ação, e minha classe costuma ser responsabilizada por qualquer tipo de problema, seja no país, no planeta ou até mesmo nos confins do universo.
Essas experiências moldaram minha personalidade: gosto de estar nos piores lugares, de trilhar os caminhos mais difíceis, e de me sentir confortável em meio às adversidades.
Sou um legítimo passageiro do caos.
Mas, à noite, quando chego em casa, meu alter ego, o pacato Robert, assume o controle: um cara tranquilo, que adora Netflix e pipoca. No fim de semana, ele é um homem de família, leva as crianças ao parque, deixa alguns trocados na sacolinha da igreja.
Falsidade? Claro que não! Ninguém consegue ser 100% autêntico o tempo todo, especialmente quando a sua personalidade não é exatamente politicamente correta… Isso seria uma tragédia para a humanidade.
Mas fiquem tranquilos, eu não uso cueca por cima da calça.