Última atualização em 20 de maio de 2021
Essa época não está boa para grande parte da população mundial. De tudo o que tivemos que abrir mão, de todas as mudanças de comportamento a que realmente tive mais problemas em me adaptar foi o uso de máscaras.
Digo isso porque dada a minha condição de um cara levemente hipocondríaco e extremamente seletivo com minhas companhias, sempre lavei as mãos exaustivamente e evitava me encostar em lugares duvidosos.
Mas o uso das máscaras realmente me deixou desconfortável, tive que me adaptar. Como eu uso óculos no começo elas viviam embaçando, e eu resolvi isso solicitando a minha designer para customizá-las para o meu rosto. A dificuldade de respirar foi vencida com o tempo e adaptação, forçando um pouco mais os pulmões na inspiração. Agora o problema maior era a fala. Um verdadeiro desafio na comunicação.
E não só me comunicar, também era complicado interpretar as pessoas com a voz fanha e cobrindo metade do seu rosto, a transmissão de emoções torna-se mais difícil. Eu imagino como deve estar difícil para uma pessoa com deficiência auditiva, onde 90% de sua audição se baseia na interpretação de gestos.
Mas na metade do ano passado eu li um artigo do site “The Conversation” que falava sobre esse ponto. Da leitura eu adaptei três técnicas para mim que estão me fazendo melhorar bastante na área de comunicação pessoal, ainda mais agora que estamos voltando lentamente a trabalhar com o público.
Técnica 1: Confie em seus olhos.
Quando não temos mais a visão da boca do nosso interlocutor, temos que confiar mais nos olhos. Agora aquela regrinha de contato humano tem que ser seguida a risca: para aumentar a compreensão conversando com uma pessoa mascarada, deve olhá-la nos olhos.
Mas como sabemos é mais fácil falar do que fazer. O contato visual desencadeia uma autoconsciência, consome energia extra do cérebro e se torna desconfortável após poucos segundos, tanto para quem fala quanto para quem ouve. O olhar penetrantemente nos olhos da outra pessoa pode parecer estranho no início para nós ocidentais, mas em países onde se usa véu facial, Shemagh ou mascaras cirúrgicas na rua as pessoas já acostumaram com esse tipo de comunicação. Aprender a prestar mais atenção aos olhos é uma habilidade que pode ser aprendida, e se milhões de indivíduos no Oriente Médio podem dominá-la, descobri que também posso.
Técnica 1: Reparar mais na linguagem corporal.
A linguagem corporal também têm peso durante uma conversa com uso de mascarada. Se alguém está feliz fica mais ereto e levanta a cabeça, ao contrário se está triste baixam os ombros e a cabeça, já a raiva causa tensão. Cada pessoa tem seu próprio meio de se portar diante de suas emoções, e pegar essa nuance ajudou muito a reduzir a incerteza que eu sentia ao me comunicar com alguém com o rosto protegido.
Uma coisa interessante que aprendi com essa técnica é que ela também me ajudou a transmitir a mensagem certa com meu próprio corpo.
No artigo se ainda me lembro do escritor dizia que
“Você pode parecer mais atento ao interlocutor virando o corpo na direção dele, inclinando-se ou acenando com a cabeça a cada afirmação positiva, e para permitir que outra pessoa saiba que você deseja começar a falar, endireite sua postura, levante o dedo indicador ou acene com a cabeça com mais frequência”.
Técnica 3: a mais importante – ajuste seu tom, não seu volume.
Temos que falar em público. Conversamos em praças, no transporte, no UBER, etc e as máscaras abafam ligeiramente a nossa voz. O instinto natural é levantar a voz para compensar. Mas gritar não torna a comunicação mais clara, apenas faz você parecer louco.
A solução para transmitir seus pensamentos por meio da voz com a máscara no rosto é prestar mais atenção ao seu tom e enunciação ao falar.
A chave é, em vez de aumentar o volume, tente melhorar a enunciação. Falar mais devagar, com um tom mais grave e colocar mais emoção nas frases, quase que atuando durante a conversa/palestra/conferência.
Imagine que você está lendo um livro para uma criança… Ela valoriza mais o seu tom de voz expressando emoção, tristeza, alegria, medo ou urgência que a própria história em si.
Para finalizar, eu só estou escrevendo o meu processo de comunicação, ele ainda não está perfeito. Eu necessito de prática no dia a dia pois exige um pouco de esforço.
Mas pode ser feito e todos temos que fazer o nosso melhor.