Boa noite (estou escrevendo isso durante uma linda madrugada). Antes de dormir eu costumo divagar sobre alguns fatos que ocorreram no dia e passagens sobrevindas durante a minha vida. E pensando no passado eu lembrei de quando eu era mais jovem.
Numa conversa distraída na escola, falei para uma menina a seguinte frase:
– Com o desejo que tenho, se eu tivesse nascido mulher eu seria a maior depravada do bairro quiçá do estado ou do país inteiro.
Eu pensei sobre essa afirmação adolescente, só que agora vendo a coisa pelo lado científico e evolucionário.
É uma afirmativa errada, levando em consideração as percepções masculinas e a idade, pois nós sermos humanos compartilhamos a nossa missão na natureza idêntica aos animais.
Homens e mulheres são totalmente diferentes nesse quesito.
Por mais que a sociedade, costumes modernos ou movimentos sociais tentem se enganar do contrário, a função biológica do homem é fecundar o maior número de mulheres possíveis para promover a diversidade genética, e a função das mulheres e proteger e produzir essa criança. Tudo se resume a isso.
Mas essa é só a “ponta do iceberg”. Não só o desejo sexual, mas todas as nossas sensações, medos, vontades e decisões são voltadas para somente dois fins: a perpetuação da espécie e a autopreservação.
Por mais triste que seja esta afirmação, se olharmos para o lado da ciência é assim mesmo que a coisa funciona. Volto a afirmar: qualquer sensação humana é voltada a perpetuação da espécie e para a autopreservação. Medo, coragem, fome, amor, desejo, ansiedade, prazer, sentimento materno, etc. Sensações que o corpo nos engana para que possamos procriar e nos manter vivos o máximo de tempo possível enquanto podemos gerar descendentes.
Vamos enxergar essas premissas pelo lado religioso: você saberia diferenciar uma sensação física de um toque da alma? Nem mesmo o amor faz parte da alma como já foi provado por cientistas, ele é uma manifestação de hormônios como a oxitocina. A fé em qualquer credo na verdade é a manifestação mais egoísta do senso de autopreservação, pois ela dá esperança de preservação da vida e da segurança do indivíduo. Qualquer promessa divina é ligada à perpetuidade.
O bilionário Elon Musk criou uma empresa chamada neuralink. O produto que ainda está em desenvolvimento será um conjunto de software e hardware que se ligarão diretamente ao cérebro humano para controlar máquinas sem usar as mãos.
Inicialmente os testes estão sendo com implantes de pequenos sensores dentro da cabeça para proporcionar à pessoas com deficiência a possibilidade de controlar um cursor na tela do computador com a mente e assim ter um meio de se comunicar mesmo não podendo falar ou se mexer. No futuro este equipamento não será mais implantado, ele só ficará encostado na pele e poderá receber as informações do cérebro para uma software, mas a parte mais magnífica é que também poderá enviar essas informações diretamente para o cérebro humano.
Essa funcionalidade abrirá milhares de possibilidades. Poderemos controlar nossa fisiologia!
Eu estimo que num futuro não muito distante nós poderemos, a partir de um software, ligar e desligar nossas sensações. Como será algo caro e de nicho, as pessoas humildes ainda continuarão usando drogas e medicamentos, mas uma parcela privilegiada da humanidade vai poder ter um software que resolva seus problemas sentimentais e fisiológicos com um simples apertar de botões!
Imagine só você executar um software que te relaxe e te faça ficar zen ou clicar no botão e ter um orgasmo, conectar o seu alarme com a hora exata de dormir e acordar controladas pontualmente por hardware ou abrir um aplicativo no celular para sentir fragrâncias? Para os mais liberais, um aplicativo que simula o consumo de drogas ilícitas, mas sem as implicações para a saúde e com a possibilidade de desligar os efeitos de imediato.
Ou quem sabe, pequenas rotinas pré-programadas que criarão um paraíso na cabeça? Não há limites para essa tecnologia, como está previsto (de forma trágica) na série Black Mirror da Netflix.
O que eu quer dizer com isso? Que todas as nossas sensações humanas são fruto de processos elétricos e químicos, inclusive nossa consciência. Eles foram inteligentemente formulados pela natureza para nos manter vivos e motivados a reproduzirmos nossa espécie. Nossa engenhosidade social que nos fez alcançar a hegemonia sobre todas as outras espécies. E também que estamos caminhando para reproduzir todas essas sensações, do amor ao ódio, artificialmente por meio de ferramentas tecnológicas.
Quando isso acontecer, os deuses serão esquecidos. Viveremos dentro do livro 1984, mas sem o fator da guerra envolvido.
De qualquer forma este texto é mais uma divagação. Eu sei que nós temos convicções religiosas que não podem ser negadas ou refutadas e por isso eu traço essas palavras só para termos uma pequena noção do outro lado da moeda, e o que a ciência pode nos proporcionar.
Espero que tenham gostado do texto e até os próximos!