Eu adoro gadgets, essas pequenas coisinhas maravilhosas que facilitam nossa vida. Smartphone, corretor de postura eletrônico, GoPro Hero… Eu brinco que não posso viver sem. Meus amigos, parentes, afetos, todos eu falo que não poderia estar sem eles. Mas pensem bem, será que isso é mesmo verdade?
Uma vez vi um filme chamado Fogo Contra Fogo (Heat – 1995). Na trama chega um momento em que o ladrão profissional Neil McCauley (vivido por Robert De Niro) fala para sua namorada:
“Não se apegue a nada que você não possa largar em 30 segundos, quando a polícia estiver em seu encalço.”
Inicialmente ficamos chocados com essa afirmação, mas no decorrer da trava vemos que ao contrário dos policiais, que tem problemas sérios em viver uma vida que harmonize o pessoal com o profissional, ele aproveitava as coisas de uma forma mais realista. Ele se certifica que se pensar bem, nada pode ser realmente tomado de nós. Não há nada a perder.
Segundo Epicteto, para alcançarmos a paz interior em vez de dizer a respeito das coisas “Perdi isto”, devemos começamos a afirmar “Isto voltou para o lugar de onde veio”.
Isso se enquadra em tudo em nossa vida: perdemos um filho um cônjuge? Na verdade ele voltou para o lugar de onde veio. Nosso imóvel foi a leilão e perdermos 90% do dinheiro investido? Fomos assaltados na rua? Esses recursos voltaram para o lugar de onde vieram
Quando uma pessoa má tira alguma coisa de você, pense por outro ângulo: nada na verdade lhe pertence, tudo nos é emprestado pelo mundo, então por que sofrer quando o que você recebeu do mundo está sendo devolvido a ele?
Talvez você possa entender melhor a motivação de Donald Trump.
Ele é milionário atualmente, mas em quatro momentos da sua vida perdeu tudo o que tinha e muito mais, pois adquiriu dívidas milionárias por não conseguir honrar com juros de seus compromissos. Chegou a afirmar que sentia inveja de um morador de rua porque o mendigo não tinha nada, e ele na verdade tinha dívidas quase impagáveis. Mesmo assim conseguiu se reerguer todas as vezes, saindo do negativo para uma nova fortuna.
Podemos também citar o livro de Jó da Bíblia Hebraica. Jó era um bom homem. Ele era rico e feliz, e tinha sete filhos e três filhas. Um belo dia Satanás desafia a Deus, sugerindo que Jó só era feliz porque tinha toda aquela fartura e sugeriu que ele tiraria tudo dele para ver como iria se comportar.
O diabo tirou sua esposa, seus filhos e todos os seus bens, e lhe causou chagas malignas pelo corpo. Mas Jó sabia que nada daquilo lhe pertencia, por isso ele se manteve crente às suas convicções até o fim, agradecendo por estar vivo. Como recompensa recebeu tudo o que tinha em dobro.
Desse texto podemos concluir que não devemos ter a ideia de apego demasiado ao que nós possuímos ou as pessoas que estão ao nosso lado, mas temos que ter grande cuidado com o que possuímos enquanto o mundo permite-nos que o tenhamos, do mesmo modo como um viajante cuida das coisas que estão dentro do quarto que ocupa num hotel.