Última atualização em 13 de setembro de 2022
Acontece comigo com bastante frequência. Quando estou em um transporte público (ônibus, trem, metrô, UBER, etc) sinto náuseas, dor de cabeça e mal estar assim que o veículo começa a se movimentar.
Mas porque isso acontece e o que podemos fazer para amenizar esse incômodo?
Esse desconforto, por incrível que pareça não é novo. Ele foi descrito inicialmente por Hipócrates na Grécia antiga e chama-se cinetose (em grego “doença do movimento”). Ela é desencadeada quando a pessoa submete-se a movimentos de veículos (viajar em carros, ônibus, avião, barcos, etc).
Os sintomas se iniciam após o inicio do deslocamento se esse não for completamente uniforme (linear), ou seja frear, acelerar, reduzir ou aumentar a velocidade são a ignição do mal.
O que causa isso?
Nosso sistema de equilíbrio funciona como um tripé, e seus pilares são o labirinto (estrutura dentro da orelha interna), a visão e propriocepção (sentido que nos informa onde nossas partes do corpo estão no espaço).
Os sintomas são causados pelo conflito do estímulo dos órgãos que percebem o movimento, mas não encontram padrões neurais semelhantes, como se o cérebro não soubesse como está sendo causado aquele movimento.
É como um curto circuito na cabeça: as informações provenientes dos 3 sistemas (visão, labirinto e proprioceptivo) são enviadas para um centro de integração, que as repassa a um centro comparador, que, como o nome já diz, compara as informações obtidas com às armazenadas na nossa memória. Se o estímulo percebido não for reconhecido, quando comparado à memória, gerará um conflito.
Isso cria um “bug” temporário levando ao estímulo do centro de vômito e sintomas como náuseas, vômitos, palidez, aumento do suor e da sensibilidade a odores (ainda mais se alguém abrir um pacote de salgadinho fedido no veículo), dor de cabeça, tontura e perda da capacidade de concentração. É a mesma sensação de quando você dá um bug nesse sistema voluntariamente, brincando de rodar até ficar tonto.
Como faço para “ler em movimento”?
Sendo o conflito sensorial a causa disso, o mais indicado a fazer é diminuir as causas deste conflito. O ideal seria não ler em movimento, mas quando é necessário podemos fazer o seguinte:
A longo prazo o que pode ajudar é realizar atividades físicas que utilizam movimentos repetidos da cabeça, associados à estímulos da visão como a dança, o tênis e artes marciais que levarão seu cérebro a aprender esses padrões.
A curto prazo:
- Sempre mantenha os olhos fixos em um ponto do horizonte, evite olhar para as janelas do veículo;
- Sente em local ventilado, nunca de costas para o sentido em que o veículo se locomove;
- Olhe para cima com frequência. A cada página que terminar do livro ou da revista, olhe um pouco para cima. Isso faz com que seu corpo ganhe novamente a sensação de saber que está em movimento e a tontura é evitada com mais facilidade;
- Controle a ansiedade e a frequência respiratória;
- Não fique muito tempo em jejum;
- Garanta que haja uma boa iluminação para a leitura, se possível sente em baixo das luzes do banco. Se não tiver luzes no veículo, use uma lanterna ou a própria iluminação do celular (muitas vezes, a sensação de vertigem ao ler no ônibus ou carro não tem tanto a ver com o movimento em si, mas, sim, com a falta de iluminação);
- Evite o uso de café, bebidas alcoólicas, doces e alimentos muito gordurosos antes da viagem;
- Divida a leitura em intervalos mais rápidos, evitando que a visão fique muito cansada. Em vez de ler vários capítulos de uma vez só, faça um intervalo de alguns minutos entre cada dezena de páginas;
- Leia mais devagar do que o normal. Ler rápido demais exige mais concentração e mais acuidade visual. Se você tenta fazer isso as chances de se sentir mal são ainda maiores; e
- Se a coisa ficar insuportável, procure sempre um profissional médico capacitado, no caso o Otorrinolaringologista.
O que eu fiz no meu caso em particular?
Por um milagre que até hoje procuro estudar e não acho as respostas consigo ler no Kindle e não sinto enjoos. E quase todo mundo que entrevisto me dá esse mesmo depoimento:
– só consigo ler no transporte público em um kindle.
Provavelmente seja pelo fato de ser uma tela “ink paper”, que simula o papel e como você pode aumentar a fonte, ele reduz a concentração do cérebro naquele ponto em si e deixa a visão periférica regular sua sensação de movimento.
Espero que essas dicas sejam úteis para vocês e qualquer dúvida podem falar comigo via comentários.
Essa postagem também foi publicada em meu portal www.revistanerd.com.br
ler com o livro na posição mais alta ajuda a não enjoar. Ficar olhando pra baixo causa enjoo. Levantar já ajuda.
Oba!, mais uma técnica ninja… Vou experimentar na próxima viagem. Tenho um livro físico que há 20 anos estou tentando ler, chama-se “Chore para o Céu” da magnífica escritora Anne Rice, seria perfeito conseguir finalmente iniciar essa obra.