Eu sou o Superman – o Caos e Meu Alter Ego: A analogia do Bill aos Super Heróis

Uma reflexão sobre identidade, sobrevivência e a dualidade de ser forjado em meio ao caos, mas também encontrar paz na vida cotidiana.

Christopher Reeve Superman

Assistindo pela milésima vez ao filme Kill Bill volume 2, não pude deixar de refletir a partir do monólogo de Bill sobre o Super-Homem e como me encaixo nessa trama. Vamos à analogia, vocês vão me entender:

A mitologia dos super-heróis é fascinante. Todo mito de super-herói tem o herói e seu alterego:

Batman é, na verdade, o milionário Bruce Wayne,
Homem-Aranha na verdade é Peter Parker.

Quando Peter Parker acorda pela manhã ele é Peter Parker. Ele precisa pôr um uniforme para virar o Homem-Aranha.

E nesse quesito o Super Homem se diferencia dos demais. O Super Homem não virou Super Homem, ele nasceu Super Homem. Quando ele acorda de manhã, ele é o Super Homem. O alterego dele é o Clark Kent. Seu uniforme com o “S” vermelho é o cobertor no qual os Kent enrolaram o bebê quando o acharam. Essa é a roupa dele.

O que Kent usa, os óculos, o terno, este é o disfarce que o Super Homem usa para se passar por um de nós. Clark Kent é como o Super Homem nos vê. E quais são as características de Clark Kent? Ele é fraco, inseguro e covarde. Clark Kent é uma crítica do Super Homem à raça humana.

É mais ou menos assim que me sinto.

Similar ao Superman em Krypton, fui forjado como Gleydson, e não como Robert. Minha infância foi em um terreno sinistro, o Rio de Janeiro dos anos 80, onde apenas os fortes sobreviviam. Desde pequeno, aprendi a fugir para não ser pego, a me virar como podia. Até a escola era um pátio de guerra, onde avançar em grupo exigia estratégias cuidadosas.

No trabalho não é diferente… Exerço uma profissão que, no cinema, é frequentemente retratada em filmes de ação, e minha classe costuma ser responsabilizada por qualquer tipo de problema, seja no país, no planeta ou até mesmo nos confins do universo.

Essas experiências moldaram minha personalidade: gosto de estar nos piores lugares, de trilhar os caminhos mais difíceis, e de me sentir confortável em meio às adversidades.

Sou um legítimo passageiro do caos.

Mas, à noite, quando chego em casa, meu alter ego, o pacato Robert, assume o controle: um cara tranquilo, que adora Netflix e pipoca. No fim de semana, ele é um homem de família, leva as crianças ao parque, deixa alguns trocados na sacolinha da igreja.

Falsidade? Claro que não! Ninguém consegue ser 100% autêntico o tempo todo, especialmente quando a sua personalidade não é exatamente politicamente correta… Isso seria uma tragédia para a humanidade.

Mas fiquem tranquilos, eu não uso cueca por cima da calça.

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