Em todos os lugares onde vivo, há algo que nunca pode faltar: material para anotações. Seja uma pequena moleskine na bolsa, uma agenda sobre a mesa, um bloco de notas no computador ou aplicativos como “Microsoft To Do” ou “Google Keep” no celular, sempre tenho à mão ferramentas para capturar minhas ideias no momento em que surgem.
Desde o nascimento, sinto como se carregasse uma maldição ancestral, uma mente constantemente ativa, sem descanso ou possibilidade de pausa. Já tentei meditação, mas, honestamente, não funcionou para mim. As únicas atividades que realmente acalmam minha mente são quando entro em estado de hiperfoco (também conhecido como “flow”) ou quando estou escrevendo.
Quando não encontro papel ou estou sem meus dispositivos, recorro a alternativas inusitadas: embalagens de bala, azulejos brancos no banheiro ou até mesmo minha própria pele – braço, palma da mão, pernas – servem como suporte para armazenar minhas divagações.
Nessas diversas mídias, nestas pequenas anotações, residem os gigantes da minha mente. Cada um em seu reino de palavras, aguardando o toque curioso de alguém que lhes dê sentido e forma. Confesso que, no meio desse mar de informações desconexas, sinto-me como um navegante inexperiente, atraído pelas cores, formas e pela promessa de mundos infinitos.
Escrevo porque transbordo. Sinto tudo com tanta intensidade que não cabe totalmente dentro de minha consciência. Por mais que eu evolua, cresça e amadureça, meu espaço interior parece sempre curto demais para tanta coisa. Busco calmaria e sossego, mas eles são apenas momentos fugazes em meio a essa tempestade de iluminações.
É por isso que escrevo: para dar vazão ao que sufoca minha mente, transformar matéria bruta em beleza e compartilhar minha verdade pessoal com o mundo. Quem sabe, no meio desse turbilhão de palavras, eu encontre outros corações que também transbordam e se sentem pequenos diante da vastidão da vida.
Um abraço a todos que se permitem anotar.
Referências: