Quando criança, eu fazia o que hoje consideraria um milagre: jogava RPGs japoneses no meu FAMICOM genérico (o saudoso Phantom System, videogame de 8 bits da Gradiente), mesmo sem entender uma palavra do que estava escrito.
Eu entendia a história, sabia o nome e a função das armas e, de algum jeito, compreendia o texto em minha mente infantil. Era uma época em que a barreira linguística não era um obstáculo, mas sim um desafio emocionante.
No começo, eu gravava a posição dos itens no menu, mas com o tempo, as letras japonesas começaram a fazer sentido para mim. Eu associava cada símbolo a uma função ou nome de item, e, aos poucos, fui desvendando os segredos desses jogos. The Magic of Scheherazade, Ultima, The Legend of Zelda, Final Fantasy e, claro, Dragon Quest, foram alguns dos títulos que marcaram essa fase mágica da minha vida. Dragon Quest, em especial, pois tinha uma bateria interna que permitia salvar o progresso— uma tecnologia inovadora para a época, já que os demais jogos ou te davam uma palavra-chave para salvar o seu progresso ou você deveria terminar o jogo sem desligar o console.
Esses jogos não eram apenas entretenimento; eram portais para mundos fantásticos onde eu passava horas explorando, lutando e resolvendo quebra-cabeças. Agora, ao olhar para trás, percebo que essa fase da minha vida foi mágica. A nostalgia, claro, é uma parte disso, mas a verdade é que minha vida hoje é tão dinâmica e rica em atividades prazerosas (ou não) que não consigo mais dedicar horas a esses épicos virtuais.
De fato, tempos que não voltam mais, mas que deixaram um legado duradouro em minha paixão por games.