Ontem estava ouvindo a música “Hotel Califórnia” do grupo Eagles. É uma música curiosa, metafórica, que narra a ida de um popstar para um hotel no meio da estrada, onde ele fica preso para sempre.
“A última coisa que me lembro, eu estava
Correndo para a porta
Eu tinha que encontrar a passagem de volta,
Para o lugar onde eu estava antes
“Relaxe”, disse o guarda,
Nós somos programados para acolher
Você até pode registrar a saída quando quiser
Mas você nunca poderá partir!
A canção é tão boa e tão rica que você pode interpretá-la como quiser: o fim da vida, o uso de drogas, o apelo da fama, ou até mesmo interpretá-la literalmente e ficar uns dias sem dormir por conta da história de terror bem no estilo “O Iluminado” de Stephen King.
De repente me deu um “estalo” que essa situação ocorre com quase todas as pessoas… Elas se prendem a um tempo de suas vidas e não conseguem mais sair de lá.
Vemos isso sempre no programa “Altas Horas” de Serginho Groisman: subcelebridades e cantores sessentões vão lá fazer uma apresentação de suas velhas canções com novos arranjos. A maioria deles estão presos nos anos 80, e por mais que queiram, não conseguem sair daquele tempo.
No espaço, as distâncias são exageradamente enormes, medidas em anos-luz. Um ano luz é a distância que a luz anda no período de 365 dias (mais ou menos 9 trilhões de quilômetros).
A estrela mais próxima de nós, a Alfa de Centauro está a 4 anos luz de distância, o que significa que se ela explodisse agora, a luz da explosão e seu vazio existencial só chegaria a nós daqui a 4 anos.
Todos nós somos uma estrela que se extinguiu. A explosão ocorreu em um determinado tempo de nossas vidas e o que todos recebem é a luz que brilhava em um tempo mais feliz, mais presente e relevante.
Nos artistas é o seu período de fama, nos atletas o seu auge físico, nas pessoas comuns pode ser na infância, na época do casamento, quando alguma coisa notável aconteceu em sua vida.
É o tempo em que a pessoa brilhou.
O engraçado é que no meu caso, eu criei um “Buraco de Minhoca”, termo que explica uma perturbação no universo que teoricamente faz a luz, e qualquer outra coisa, viajar anos luz em questão de segundos.
O brilho que vocês estão vendo, é o meu atual. Quando me falam “cara, você não mudou nada” eu respondo que na verdade estão tanto tempo sem me ver que não lembram como eu era. Tenham certeza, não parei no tempo, sou um homem atual, meus feitos são atuais e sempre procuro estar vivendo meu momento mais presente. Minha Odisseia ainda está em sua fase de viagem.
Há sim, tenho comigo um exemplar antigo do “Rituale Romanum”, para quando eu entrar no Hotel California para ir no banheiro, possa exorcizar aqueles fantasmas e seguir meu rumo; e na minha garagem tenho uma pequena espaçonave para que no caso de meu universo explodir, como aconteceu em Krypton, eu consiga escapar direto para meu “buraco de minhoca” e ainda ter tempo de tomar o café da manhã em sua companhia.